Os métodos aplicados na educação infantil


Por Erick M -  Do Correio de Uberlândia - Marcelo Calfat

Roberta Fusconi, mãe de Yara, 6, preferiu uma instituição que aplica a teoria construtivista
 
As técnicas e os métodos aplicados na alfabetização infantil no país geram polêmica e debates entre educadores e especialistas. Uns defendem o uso do método fônico, baseado no aprendizado da associação entre fonemas e grafemas (sons e letras) por meio de textos produzidos especificamente para a alfabetização. A formação é feita em sílabas, palavras e depois frases. Já outros defendem a aplicação do construtivismo, que não prioriza essa associação e trabalha com textos e situações que já fazem parte do universo infantil, usando a experiência que a criança tem para ajudar no aprendizado. É uma prática mais livre.


Um levantamento da Academia Brasileira de Ciências, com base em 75 estudos internacionais, aponta que o método fônico é o menos usado no Brasil, mas mais eficiente na alfabetização infantil. Em Uberlândia, escolas se dividem na aplicação das técnicas. As mais conservadoras aplicam o método fônico, enquanto as que afirmam buscar um ensinamento mais moderno e contextualizado usam a teoria construtivista. De acordo com Maria Irene Miranda, psicopedagoga e doutora em Psicologia da Educação, a metodologia da instituição não pode ser considerada certa ou errada. “O melhor método é o que o professor domina. Porque assim ele inova, cria e não fica preso só no material didático”, afirmou.

Elaine Cristina Resende, coordenadora de uma escola que usa o método fônico, acredita que aprender o som antes das palavras e das frases auxilia a criança na fase de sistematização. “A criança aprende o som da letra e por meio disso constrói as palavras. Quando a criança vai escrever ‘dedo’, ela pode escrever ‘de’ e depois ‘do’. Temos uma rotina para cada som apresentado”, disse.

Ichitaro Watanabe, coordenador de uma escola, prefere usar técnicas da teoria construtivista. “Nós valorizamos o conhecimento prévio e o contexto social da criança, o ambiente em que ela vive. A partir disso, ela passa a construir significados. E não de forma isolada”, afirmou.
Método de ensino pesa na escolha

O método usado no ensino infantil é um dos principais fatores analisados pelos pais na hora de escolher a escola que os filhos vão estudar. A bióloga Roberta Fusconi, mãe de Yara, 6 anos, preferiu uma instituição que aplica a teoria construtivista. “Escolhi porque no meu entendimento o construtivismo ouve a criança, não é uma educação pré-moldada. Existe uma técnica de educação que permite que as crianças se expressem e tragam isso para a sala de aula”, disse. Segundo ela, a filha aprendeu melhor dessa forma.
Já a empresária Verônica Jongbloets optou por colocar os filhos Rafael, 10, e Lucca, 7, em uma escola que utiliza o método fônico. “Eles até chegaram a estudar em escola construtivista. Mas penso que a liberdade é muito grande. Por isso, preferi uma escola mais tradicional. Eu fui alfabetizada no método fônico e considero o melhor. A criança aprende mais, lê e escreve melhor. A fixação do conhecimento é maior”, disse.
Entenda os métodos:

MÉTODO FÔNICO
Baseia-se no aprendizado da associação entre sons e letras
Usa material exclusivo para o aprendizado
A criança aprende os sons, para depois formar sílabas, palavras e frases
Fácil fixação dos sons e aplicação em frases
Desvantagens
Fica preso no material didático
A criança demora mais para aprender o contexto, pois o ensinamento é segmentado

TEORIA CONSTRUTIVISTA
Usa a experiência da criança para o aprendizado
O erro é usado para o aprendizado. Por exemplo, se a criança escreve “bola” da forma “oa”, o professor entende o erro como algo lógico e o usa no ensinamento
Trabalha com textos e situações que já fazem parte do universo infantil
Prática mais livre
Desvantagens
O ensino faz parte de um contexto e não tem lógica própria
Não usa material didático exclusivo para o aprendizado fonético