Pedofilia e gastos motivaram o desejo de renúncia do Papa Bento XVI ?

Imagem: Efe


O Papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, atacou o aborto, o casamento gay e a eutanásia, na mensagem lida no primeiro dia do ano por ocasião da Jornada Mundial da Paz, que segundo o pontífice colocam em perigo a paz, mas em nenhum momento citou os casos de pedofilia, tentando abafar o escândalo. Foi duramente criticado pelo seu conservadorismo, desde quando substituiu João Paulo II, em 2005, como líder da Igreja Católica.

Ratzinger, após inúmeros escândalos divulgados sobre pedofilia, protegeu seu clérigo em todo o mundo, dando ênfase à visão crítica da sociedade que o julgou conivente com os crimes, além de sua posição conservadora, por que ocultou os casos sexuais na igreja e a sua aversão à anticoncepção via camisinha e pílula.


A renúncia gerou grande surpresa na América Latina

Na América Latina, vivem cerca de 500 milhões do 1,2 bilhão de católicos do mundo, apesar do forte golpe, nos últimos anos, das igrejas evangélicas, e do esvaziamento dos templos.

O Brasil, com 123,3 milhões de seus 194 milhões de habitantes (64% da população), e o México, com quase 100 milhões de seus 112 milhões de habitantes (89%), lideram a lista de países com mais católicos, embora esta realidade demográfica não esteja representada no colégio cardinalício que elegerá o novo Papa.

Do total de 118 cardeais eleitores, existem apenas cinco brasileiros e três mexicanos. No total, há 19 cardeais latinos em idade de eleição, uma cifra menor que a de 2005, quando João Paulo II morreu e foi eleito Joseph Ratzinger, lembrou o sociólogo e especialista em Igreja Católica latina Bernardo Barranco. "A maioria dos cardeais são europeus, e, primordialmente, italianos, o que aponta uma inclinação a voltar a ter um Papa italiano".

Entre os fiéis, as expectativas não são menores. "Já é hora de termos um latino, esta é a região mais católica do mundo", comentou na capital mexicana o estudante de teologia Luis Sánchez.

Na igreja de São Judas Tadeu, no Rio de Janeiro, Aparecida Suarez, 43, avaliou que a renúncia de Bento XVI representa "uma oportunidade excelente para que o Brasil possa estar melhor representado no Vaticano".

Três nomes são citados entre os possíveis Papas latinos: o salesiano hondurenho Oscar Andrés Rodríguez, que dirige a Caritás Internacional; o ex-arcebispo de Brasília João Braz de Aviz; e o franciscano e ex-prefeito para a Congregação para o Clero, cardeal Claudio Hummes.

Com informações da AFP 
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Nos últimos 3 anos, 1.800 denúncias de pedofilia chegaram ao Vaticano.

Nos últimos três anos chegaram ao Vaticano 1.800 denúncias de casos de abusos sexuais contra menores praticadas por clérigos, a maioria cometida entre 1965 e 1985, informou nesta terça-feira o "promotor de Justiça" da Congregação para a Doutrina da Fé, Robert Oliver.

 
O anúncio foi feito durante a apresentação do simpósio "Em direção à cura e à renovação" na Universidade Pontifícia Gregoriana, que tem como objetivo enfrentar o problema dos padres pedófilos.

O maior número de denúncias (800) foi feito em 2004. Oliver frisou que as acusações chegaram de todas as partes do mundo.

A congregação para a Doutrina da Fé, responsável por investigar estes delitos, enviou em 2011 a todas as conferências episcopais de todo o mundo um guia para enfrentar, de maneira "coordenada e eficaz", os casos de padres pedófilos.

O promotor disse que as guias recolhem as indicações do papa Bento XVI para enfrentar e fazer com que estes casos não voltem a ocorrer, entre elas "assistência às vítimas, proteção aos menores, formação completa nos seminários, apoio aos abusados e colaboração com a justiça".

Oliver ressaltou que as autoridades religiosas têm que colaborar "obrigatoriamente" para elucidar os casos, pois a prática se constitui em um crime.

O promotor acrescentou que inclusive nos países onde esse aspecto não está regulado por leis específicas, "para a Igreja continua sendo uma obrigação moral colaborar com as autoridades civis".

Durante o simpósio foi anunciado a criação do Centro para a Proteção da Criança, com sede em Munique (Alemanha), por parte da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, da Universidade alemã de Ulm e da arquidiocese alemã de Munique.

Durante o simpósio, o cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, revelou que um total de 4.000 casos de abusos sexuais contra menores foram recebidos nos últimos dez anos e admitiu que a resposta da Igreja foi "inadequada".

Especialistas presentes no encontro disseram que ainda não existe um estudo em nível mundial, mas que só nos EUA estima-se que o número de crianças vítimas de abusos sexuais por clérigos chega a 100.000, mas que também há centenas de registros do crime em países como Irlanda, Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Índia, Holanda, Filipinas e Suíça, entre outros países. 

Fonte: EFE

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Vaticano tem problemas fiscais e rombo somou US$ 18,4 milhões em 2011

Gasto com pessoal é o mais significativo, em 2011 somava 2.832 pessoas, diz documento. Uma das principais causas da crise financeira europeia é o tamanho do Estado. 

Nos últimos anos, vários países da região gastaram mais que do que entrou nos cofres públicos e a saúde financeira foi ladeira abaixo. Ao oeste do Rio Tibre, localizado no centro de Roma, a cidade-estado do Vaticano sofre com mesmo problema da Itália, Grécia e Espanha. Ou seja, as contas papais estão no vermelho.

Soberano da Itália desde 1929, o Vaticano amargou recentemente um dos piores anos de sua história em termos fiscais. Balanço aprovado pelo Conselho de Cardeais em julho do ano passado mostra que a cidade-estado amargou um déficit de US$ 18,4 milhões em 2011. Em 2010, após esforço para melhorar as contas, a Santa Sé havia registrado um auspicioso superávit de US$ 9,9 milhões.

O balanço aprovado pelo conselho dos cardeais não esconde a causa do rombo. "O item mais significativo nos gastos foi o relativo ao pessoal, que em 31 de dezembro somava 2.832 pessoas. Gastos com comunicação também devem ser considerados", diz o documento que apresentou o balanço de 2011. Apesar de ter o 7º menor mercado de trabalho do mundo, a cidade-estado tem um índice elevado de trabalhadores por habitante: são 3,5 empregados para cada um dos 800 moradores da Santa Sé.

Ou seja, os servidores do Vaticano representam 354% da população. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o porcentual dos servidores públicos sobre a população no Brasil é cerca de 12% e, na média dos países da OCDE, o porcentual é de 22%.

Além de reconhecer que o tamanho da máquina afetou as contas públicas de 2011, o documento do Vaticano reconhece que a crise global também derrubou o fôlego financeiro. "O resultado foi afetado pela tendência negativa dos mercados financeiros globais, o que tornou impossível alcançar as metas estabelecidas no Orçamento", dizem os cardeais.

Bilheteria

A principal receita do Vaticano vem da cobrança de ingressos para a entrada em alguns dos belos edifícios ao redor da Praça de São Pedro. A receita com a bilheteria alcançou US$ 112,7 milhões em 2011, valor 10,8% maior que o visto um ano antes. Segundo a Igreja, foram mais de 5 milhões de visitantes naquele ano.

Apesar de mais turistas terem passado por lá, as doações não cresceram tanto. O dinheiro dado pelos fiéis diretamente ao Vaticano somou US$ 69,7 milhões em 2011, em alta de 3,1% - ritmo de crescimento de menos de um terço da bilheteria.

Com as doações em baixa, o Vaticano pediu apoio às demais áreas da Igreja mundo a fora. Segundo o balanço, o "apoio econômico oferecido por circunscrições eclesiásticas de todo o mundo para manter o serviço da Cúria Romana" somou US$ 32,1 milhões em 2011, 17,5% mais que um ano antes. 

Fonte: Reuters