As máquinas ocupariam o lugar do homem?

Uma máquina velha mostra que a simplicidade prevalece, quando valoriza os cacarecos e resíduos deixados pela humaninade: a humildade é coisa que o homem esqueceu em algum lugar.

Interessante a análise de Luciano Carneiro 


WALL-E - Robô nos ensina a sermos mais humanos

Por Luciano Carneiro - Cinema e eu


Wall-e. Não tenho palavras para descrever a nova animação da Pixar. Um dos melhores filmes da empresa até aqui, o melhor filme do ano e uma das melhores animações de todos os tempos. Acha pouco ou quer mais? É um dos filmes infantis mais adultos dos últimos anos, junto com A Viagem de Chihiro. Por isso já vou logo avisando: nem todas as crianças irão gostar. Hoje em dia a maioria dos filmes de animação mostram um animal fofo, gordo, falante e atrapalhado que sempre solta um pum ou cai de uma escada. Quase todos os filmes daDreamworks tem essas mesmas características. E a criançada adora! Fica a advertência: Wall-e não é uma comédia. É um drama, um romance e, mais do que isso, um alerta.
Primeiro: o filme assusta muito mais mostrando a futura terra cheia de lixo do que muito documentário por aí. Segundo: essa mensagem não é, de maneira nenhuma, chata ou didática. É poética.


A história é, basicamente, sobre um robô que esta na Terra para limpá-la, enquanto os humanos vivem esperando em uma nave espacial. A primeira parte do longa mostra Wall-e, o curioso robô, completamente sozinho (apenas com sua barata de estimação) na Terra, que já não é mais a mesma. São mais de 30 minutos sem nenhuma fala sequer. Solitário, calado e desastrado, o robozinho nos conquista de cara.


Uma das muitas mensagens do filme é “aproveite as coisas simples da vida”. Quem não gosta de estourar papel bolha, jogar cubo mágico, ou ainda ver um musical romântico ao lado da pessoa amada? É isso que Wall-e prega. O amor puro e verdadeiro. Parece meloso demais? Não é! Eu nunca torci tanto para um casal ficar junto no final como aqui. É impressionante como dois robôs computadorizados conseguem a façanha que nenhuma comédia romântica conseguiu.


A segunda parte do filme se passa dentro da nave onde os seres humanos, todos obesos, não conseguem andar sem o auxílio de um carrinho e só comem comida líquida. Isso não é corajoso? Mostrar assim, na cara, uma realidade que ninguém tem coragem de falar. E é uma animação para crianças. Fantástico!


A cena de Wall-e e Eva dançando no espaço vai entrar para a história do cinema. Assim como o ET passando na lua de bicicleta, o assassinato no chuveiro em Psicose ou Gene Kelly dançando na chuva. Eu tenho esperança no cinema sabendo que a Pixar existe, e, mais ainda, eu tenho esperança no mundo sabendo que ainda existem filmes comoWall-e.