Movimentos destacam ataque à organização e direito à livre expressão (assista no final do texto vídeo que poucos assistiram).
Escrito por: ABGLT,
Consulta Popular, Fora do Eixo, JCUT, JPT/SP, JSOL, JUNTOS!, Levante
Popular da Juventude, MAB, MST, PJ, PJMP, Quilombo, REJU, UBES, UJR, UJS
e UNE
A ação da Polícia Militar do estado de São
Paulo em protesto de jovens contra o aumento das tarifas da passagem do
ônibus, metrô e trem na capital paulista é mais um episódio na história
de violência e desrespeito ao direito de organização e manifestação.
O direito de manifestação sofre permanente ameaça no país, mesmo depois
de 25 anos de promulgação da Constituição Federal, o que demonstra que a
democracia ainda não está consolidada no país. A PM do estado de São
Paulo, controlada pelo PSDB, mantém os métodos que desenvolveu na
ditadura militar, reprimindo manifestações, efetuando prisões políticas
de cidadãos e estimulando tumultos, inclusive com infiltrações para
desmoralizar a luta e organização popular.
Não podemos esperar um comportamento democrático de uma PM liderada
pelo PSDB que, em janeiro de 2012, mobilizou helicópteros, carros
blindados e 2 mil soldados do Batalhão de Choque para fazer a
reintegração de posse violenta de 1600 famílias que viviam desde 2004 no
bairro Pinheirinho, em São José dos Campos (97 km de SP).
A legitimidade do protesto dos jovens contra o aumento das tarifas não
pode ser desmoralizada por causa de ações equivocadas de uma minoria,
que infelizmente não compreende que a sociedade está do lado daqueles
que querem transporte barato e de qualidade para a população de São
Paulo.
Apesar desses acontecimentos pontuais, a responsabilidade pela
violência nos protestos é da Polícia Militar, que tem provocado o
conjunto dos manifestantes, promovido o caos e agredido cidadãos que
estão nas ruas exercendo o seu direito de manifestar de forma pacífica.
Esses protestos são importantes porque colocam em xeque uma questão
central para a população da cidade, que é a mobilidade urbana. Os
paulistanos perdem horas e horas todos os dias dentro de um carro ou
ônibus parados no trânsito ou de um vagão de metrô e trem lotados. Horas
que poderiam ser destinadas para ficar com a família ou para cultura,
esporte e lazer, das quais são privados por causa de uma clara opção que
privilegia o transporte privado e individual em detrimento do público e
coletivo.
O histórico crescimento desordenado da cidade, o trânsito causado pelo
número de carros nas horas de pico, a falta de linhas de metrô/trem, a
baixa qualidade do sistema e a chantagem das empresas privadas
concessionárias de ônibus, as altas tarifas do transporte público
representam um problema social, que prejudica o conjunto da população,
especialmente os mais pobres, que moram na periferia.
A lentidão da expansão do metrô é uma questão crônica da gestão do
PSDB, que construiu apenas 21,6 Km de linhas do metrô, o que representa
uma média de 1,4 km por ano. Com isso, São Paulo tem a menor rede
metroviária entre as grandes capitais do mundo (apenas 65,9 km).
A gravidade dessa questão fez com que a mobilidade urbana fosse um dos
temas centrais da campanha eleitoral para a prefeitura no ano passado. E
o candidato Fernando Haddad, que acabou eleito, prometeu dar respostas
que tocassem na raiz do problema.
A movimentação da prefeitura para adiar e realizar um aumento da
passagem do ônibus abaixo da inflação do último período, dentro de um
quadro de pressão das empresas concessionárias, não atende os anseios
criados com a derrota dos setores conservadores nas eleições em São
Paulo.
A resolução da questão urbana exige medidas estruturais, como a
efetivação de um modelo de desenvolvimento, que prescinda o estímulo à
indústria automobilística, e a implementação do controle direto sobre as
tarifas por meio da municipalização dos transportes. Com isso, se evita
soluções paliativas como a subvenção das concessionárias, financiando
setores cujo interesse em lucrar se choca com a possibilidade de um
sistema de transporte que atenda as necessidades da população.
Por isso, os protestos realizados pelos jovens ganham importância, uma
vez que representam um sintoma do problema e constituem uma força social
que pode apontar e sustentar mudanças estruturais na organização
territorial e na mobilidade urbana. Essas mobilizações são um
instrumento de pressão sobre as autoridades, para sustentar um processo
de negociação, especialmente com a prefeitura, que esperamos que possa
render conquistas para a população e acumular forças para novas lutas
que virão.
Nesse processo, a mídia burguesa e os setores conservadores colocam uma
cortina de fumaça sobre as soluções estruturais para as quais apontam
os protestos, com a execração pública dos atos realizados por uma
minoria. Esse tipo de cobertura coloca luz sobre os vínculos dos meios
de comunicação da burguesia com as empresas automobilísticas
(interessadas em vender mais carros), com as empresas privadas
concessionárias de transporte (que lucram com a chantagem sobre a
prefeitura) e com a especulação imobiliária (contrária à reorganização
territorial).
Assim, manifestamos nosso apoio aos protestos dos jovens em defesa do
transporte público, dos quais queremos contribuir para garantir a
massificação e manifestação organizada e pacífica, condenamos a ação
violenta da Polícia Militar, cobramos a libertação dos presos políticos e
rechaçamos o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem.
ABGLT- Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
Consulta Popular
Fora do Eixo
JCUT- Juventude da Central Única dos Trabalhadores
JPT/SP- Juventude do Partido dos Trabalhadores da cidade de São Paulo
JSOL - Juventude Socialismo e Liberdade
JUNTOS!
Levante Popular da Juventude
MAB- Movimento dos Atingidos por Barragens
MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
PJ- Pastoral da Juventude
PJMP- Pastoral da Juventude do Meio Popular
Quilombo
REJU- Rede Ecumênica da Juventude
UBES- União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
UJR- Partido Comunista Rebelião
UJS- União da Juventude Socialista
UNE- União Nacional dos Estudantes
Vídeo gravado pelo TVT, a realidade que poucos viram.