Hermann Voordwald, secretário da Educação, com governador Alckmin e secretários Beraldo e Semeghini. (Foto: Milton Michida/Governo de SP) |
Mudanças do governo de SP atingem até
3º ano do ensino fundamental e recebem críticas; objetivo é reforçar aulas de
português e matemática
Por: Paulo Saldaña - O Estado de S. Paulo
As escolas de ensino fundamental de
tempo integral do Estado de São Paulo vão passar pela primeira reformulação
curricular. Com a ideia de fortalecer o aprendizado de língua portuguesa e
matemática, a nova diretriz acabou, nessas escolas, com o ensino de história,
geografia e ciências nos três primeiros anos.
A nova diretriz vale para as 297
unidades que já estavam no programa desde 2006 e exclui as 21 escolas que não
migraram para o novo modelo de ensino integral - criado em 2012 para o ensino
médio e estendido para o fundamental neste ano.
Assim, até o 3.º ano do fundamental, os
alunos dessas 297 unidades não terão aulas de ciências físicas e biológicas,
história e geografia - mesmo ficando na escola ao menos por 8 horas. Até ano
passado, havia sete aulas semanais dessas disciplinas.
Por outro lado, os alunos dessas
escolas terão 15 aulas de língua portuguesa por semana no 1.º e 2.º anos
(respondendo por 60% da carga semanal). O restante será ocupado por matemática,
com seis aulas (25% da carga semanal), e educação física/arte, com 4 aulas. No
3.º ano, sobe a carga de matemática (para 40%) e cai a de língua portuguesa
(para 35%). Só nos 4.º e 5.º anos os alunos passarão a aprender ciências,
história e geografia, o equivalente a sete aulas.
A Secretaria de Educação argumenta que
"o objetivo é tornar o currículo mais atraente". As alterações são
resultado, segundo a pasta, de processo que começou em 2011 e contou com a
colaboração de dirigentes e supervisores.
Professora Maria Izabel Noronha, Presidenta da Apeoesp |
A consultora em educação Ilona
Becskehazy também estranhou as mudanças. "Não faz sentido. A tendência
mundial tem sido trazer a reflexão científica para o 1.º ano", afirma.
Nos anos finais do fundamental (do 6.º
ao 9.º ano), as disciplinas de ciências humanas (história e geografia) ganham
mais aulas do que ocorria até o ano passado - matemática também teve reforço na
carga, que aumentou.
A diretriz descreve agora dois modelos
de carga horária, de 40 e 45 horas semanais. Além do currículo normal, estão
previstas atividades complementares e oficinas. O governo quer que a nova
diretriz promova uma integração maior entre disciplinas básicas e oficinas.
Nesse último grupo, entram educação financeira e sexualidade e some, por exemplo, filosofia. No total, existem agora dez oficinas curriculares, que podem ser adotadas pelas escolas.
As oficinas vão de atividades artísticas e esportivas, que já eram previstas anteriormente, às novas: educação para o trânsito, étnico-raciais e direitos humanos. Nos anos iniciais, as escolas deverão ter pelo menos oito das dez oficinas e nos finais, pelo menos seis.
Nesse último grupo, entram educação financeira e sexualidade e some, por exemplo, filosofia. No total, existem agora dez oficinas curriculares, que podem ser adotadas pelas escolas.
As oficinas vão de atividades artísticas e esportivas, que já eram previstas anteriormente, às novas: educação para o trânsito, étnico-raciais e direitos humanos. Nos anos iniciais, as escolas deverão ter pelo menos oito das dez oficinas e nos finais, pelo menos seis.
Serão obrigatórias atividades de hora
da leitura, produção de texto, experiências matemáticas e língua estrangeira -
como já ocorria antes. Nos anos finais, também serão obrigatórias oficinas de
orientação de estudos.
O governo assegura que terá professores
suficientes para atender às demandas, até para as oficinas mais específicas.
"Há professores já formados e outros que deverão passar por
formação", afirma a secretaria.